Granito Verde de Ubatuba, desenvolvimento e resgate da tradição
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O Granito Verde de Ubatuba, uma das gemas mais raras do mundo, está de volta às operações de extração e comercialização. Descoberto na década de 1960 em Ubatuba (SP), este granito ornamental foi explorado e amplamente valorizado até o início dos anos oitenta por empresas locais. Desde então as jazidas locais haviam permanecido inativas, até agora, com a retomada pela Mineradora de Ubatuba (MU).
Com sua qualidade excepcional, resistência e beleza inigualável, o Granito Verde de Ubatuba não só promete revigorar o mercado nacional na construção civil, arquitetura e ornamentação, mas também tem um enorme potencial para exportação. Esta novidade trazida pela Mineradora de Ubatuba, está despertando grande interesse e expectativa no setor.
Para iluminar mais sobre essa joia ubatubense e o processo de extrativismo mineral da MU, conversamos com Cid Chiodi Filho, renomado geólogo e consultor da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abrirochas). Com formação em geologia pela Universidade de São Paulo e vasta experiência em geologia estrutural, regional, geotectônica e prospecção mineral, Chiodi Filho traz insights valiosos sobre o Granito Verde de Ubatuba e seu impacto no mercado atual.
O que é o Verde Ubatuba e por que é raro?
Verde Ubatuba é a designação comercial de um granito portador de hiperstênio, mineral responsável pelo característico padrão cromático verde-escuro da rocha. Charnockito ou hiperstênio granito são as designações geológicas aplicáveis para o Verde de Ubatuba, no estado de São Paulo, em localidade-tipo de ocorrência no município que lhe empresta o nome.
Sua raridade decorre da presença de hiperstênio, cuja associação com rochas graníticas é geologicamente incomum. A textura cristalográfica do Verde Ubatuba lhe proporciona um excelente índice de brilho em superfícies polidas. Não só isto, o Verde de Ubatuba é uma rocha fotossensível, cuja coloração verde-escuro lentamente adquire tons dourados quando exposta à luz solar.
Blog: Hoje quando procuramos no mercado virtual Granito Verde de Ubatuba, encontramos ofertas de granitos oriundos do Espírito Santo e da Bahia com o nome Granito Verde Ubatuba. Por que isso acontece se esse granito verde escuro raro é originário de Ubatuba?
Cid Chiodi Filho: A designação comercial de um tipo de granito é feita com base em sua origem e cor. O Granito Verde de Ubatuba tem suas raízes aqui na cidade de Ubatuba, no litoral de São Paulo, o que lhe conferiu o nome. Durante as décadas de 1960 a 1980, foi amplamente explorado e comercializado, sendo um grande fator de desenvolvimento para a região. No entanto, a inatividade das jazidas ubatubenses levou algumas áreas do Espírito Santo e da Bahia a descobrirem rochas ornamentais geologicamente similares. Comercialmente, aproveitaram-se do renome da pedra ubatubense para promover suas próprias produções.
Blog: Aproveitar o nome Ubatuba comercialmente é uma forma de “maquiar” um granito de qualidade inferior?
Cid Chiodi Filho: Sim, infelizmente. Esta prática reflete uma tendência no mercado de mascarar as características de rochas de qualidade inferior. O Granito Verde de Ubatuba, com suas excelentes propriedades físico-mecânicas, como a ausência de movimentos e granulações, além da resistência excepcional, é único nesta parte da Serra do Mar de São Paulo. A rocha ornamental ubatubense tem um tom verde escuro quase homogêneo, sem anisotropias, elas não apresentam fraquezas, são muito mais resistentes do que as rochas que tem movimento, ou seja, aquelas que tem mais variações em seus tons e veias.
Blog: O extrativismo mineral provoca degradação na natureza?
Cid Chiodi Filho: Pelo contrário, o extrativismo mineral é uma forma de manufatura da natureza. Na extração do Granito Verde de Ubatuba, não há uso de produtos químicos nem emissão de gases poluentes como os do efeito estufa. A tecnologia empregada, como cortes contínuos a fio, minimiza significativamente os resíduos e impactos ambientais.

Blog: A extração do granito verde de Ubatuba pode se esgotar com o tempo? Ou pode acabar com as reservas naturais da região?
Cid Chiodi Filho: O extrativismo de rochas ornamentais não provoca esgotamento de reservas. As reservas são imensas. A taxa de aproveitamento em volume das rochas ornamentais de uma jazida é muito pequena em relação do gigantismo da reserva.
Blog: O retorno do extrativismo do Granito Verde de Ubatuba pode contribuir com o desenvolvimento da cidade de Ubatuba?
Cid Chiodi Filho: Sem dúvida. A atividade extrativista do Granito Verde de Ubatuba gera empregos locais, promove o desenvolvimento econômico e fortalece a comunidade. A localização estratégica de Ubatuba, próxima a grandes mercados como São Paulo, facilita a comercialização e promove o sucesso deste empreendimento para todos na região.
Blog: Como tornar essa atividade mais sustentável?
Cid Chiodi Filho: O aproveitamento dos resíduos do corte do Granito, como os subprodutos cascalho, brita, pó de pedra, etc. podem ser utilizados na construção civil local e no asfaltamento de vias. Bem como na recuperação de áreas ambientais.
Blog: Qual a importância da exploração do Granito Verde para Ubatuba?
Cid Chiodi Filho: A exploração do Granito Verde de Ubatuba não apenas preserva uma tradição valiosa, mas também impulsiona a economia local, fortalece a identidade da cidade e promove Ubatuba como um centro de excelência na produção de rochas ornamentais de alta qualidade.
Blog: Quais os desafios possíveis que a Mineradora de Ubatuba pode enfrentar com as atividades de extrativismo do Granito Verde de Ubatuba?
Como geólogo consultor, vejo que a retomada das atividades de extrativismo do Granito Verde de Ubatuba pela Mineradora de Ubatuba representa um passo significativo para a indústria local e para a economia da região. No entanto, é importante reconhecer que alguns desafios podem surgir durante esse processo das operações. Um dos desafios potenciais é garantir a eficiência operacional e logística necessárias para extrair, processar e comercializar o granito de forma competitiva no mercado, o que envolve investimentos em tecnologia de extração moderna e em capacitação da equipe. Além disso, aspectos ambientais devem ser cuidadosamente geridos. A Mineradora de Ubatuba já implementou práticas sustentáveis de mineração, como o aproveitamento de resíduos, a recuperação de áreas impactadas e está engajada em iniciativas que beneficiam a comunidade, como a criação de empregos locais e o apoio a projetos sociais. Acredito, assim, que com esse comprometimento, a Mineradora de Ubatuba vai superar os desafios e alcançar um sucesso sustentável na exploração do Granito Verde de Ubatuba, contribuindo positivamente para o desenvolvimento econômico e social da região.